3/30/2010

EMEGÊNCIA MÉDICA







Medicina de Emergência: Uma Especialidade Médica

A Emergência Médica, como se sabe, é especialidade de vastas proporções e de procedimentos muito complexos, pelo fato de não se ater ao âmbito exclusivo de um ramo único da medicina, mas de se constituir da soma de todas as especialidades e de se apresentar sempre diante de situações ameaçadoras e graves. Sua importância resulta da própria gravidade e da delicadeza das ocorrências que lhe são confiadas, não sendo exagerado dizer-se que a vida de todos nós, de um certo modo, depende muito da qualidade e da presteza de suas decisões.

Desta forma, trata-se de uma atividade difícil, a exigir do médico que a exerce um lastro de conhecimentos que ultrapassa o dos demais especialistas, visto que se envereda pelos caminhos de outras tantas áreas da atividade médica.

Também é preciso reafirmar que o politraumatizado não é um simples resultado do destino por um infortúnio ou acidente, mas o portador de um síndrome cuja incidência é cada vez maior e perfeitamente evitável, através de políticas e estratégias que considere o paciente de trauma como portador de uma outra doença como outra qualquer.

Tem-se procurado fazer distinção entre urgência e emergência médicas. Parece-nos bizantina essa diferença. Tem apenas o interesse da contabilização de certos interesses burocráticos e financeiros dos gestores oficiais da saúde. Conceituam urgência como "a ocorrência imprevista de agravo à saúde com ou sem risco potencial de vida, cujo portador necessita de assistência imediata" E emergência como "a constatação médica de condições de agravo à saúde que impliquem risco iminente de vida ou sofrimento intenso, exigindo, portanto, tratamento imediato". Em suma, em qualquer das situações definidas, o paciente necessitará sempre de atendimento imediato.

Desde há muitos anos estamos defendendo a Emergência Médica como especialidade distinta e autônoma. Sempre procuramos mostrar a importância dessa atividade e tentar criar entre os jovens médicos um espírito e uma metodologia volitados às Lesões Graves. Entendemos que não basta ser simplesmente médico para que alguém se julgue apto para exercer essa atividade com a devida competência. Como não basta a um médico ser simplesmente médico para que faça intervenções cirúrgicas. São necessárias táticas mais acuradas, adestramento adequado e aquisição paulatina de um raciocínio e de uma disciplina muito peculiares.

O poliferido é uma entidade diferente, para o qual nem sempre se pode empregar as práticas convencionais de tratamento, pois ele é, acima e antes de tudo, um doente complexo. Cada dia que passa maior é a incidência de politraumatizados e as estatísticas mostram sua alarmante mortalidade, exigindo assim por parte da burocracia assistencial, medidas mais enérgicas e mais específicas na luta difícil pela sobrevivência desse tipo de paciente.

Não esquecer que no atendimento de urgência andam paralelamente o diagnóstico e o tratamento, pois vale mais uma manobra salvadora que o mais brilhante dos diagnósticos.

Em urgência médica devemos aprender a desconfiar, notadamente dos chamados "sinais patognomônicos" que são, na sua essência, pura ilusão clínica. Como também aprender a pensar com clareza, sem criar uma consciência exclusivamente especializada, para não se ater somente à parte e esquecer o todo, pois o juízo global deverá comandar as ações na emergência.

(...) Genival Veloso de França.