A influenza suína é uma doença do trato respiratório de porcos, altamente contagiosa, provocada por um dos vários vírus influenza A suínos. Os surtos são mais comuns em porcos durante o ano todo, mas, historicamente, a infecção humana é um resultado do contato próximo com animais infectados. Este vírus atual é um novo vírus influenza A, devidamente nomeado de novo subtipo de influenza A (H1N1) que não foi detectado anteriormente em suínos nem em humanos. O mais importante, é que esta nova cepa parece ser transmitida entre pessoas.
É provável que a maioria das pessoas, principalmente aquelas que não têm contato regular com porcos, não tenha qualquer imunidade ao vírus da influenza suína. Portanto, a preocupação é que se for estabelecida uma transmissão eficiente entre pessoas, é possível que surja uma pandemia.
Oficiais do governo e da saúde pública estão vigiando esta situação mundialmente para avaliar a ameaça da gripe suína e fornecer orientações aos profissionais da área de saúde e ao público. Devido à mudança rápida da situação, é importante controlar regularmente as mudanças nas recomendações na medida em que novas informações se tornam disponíveis.
Este artigo é fundamento nas orientações e recursos disponíveis a partir do United States Centers for Disease Control and Prevention (CDC) e World Health Organization (WHO) que foram resumidos aqui com o objetivo de oferecer aos clínicos recursos, em um único lugar, para enfrentar as preocupações da prática clínica com relação à gripe suína.
Qual é a apresentação clínica da gripe suína?
As pessoas infectadas com a gripe suína podem se parecer com aquelas com influenza sazonal, apresentando sintomas de doença respiratória aguda. Os sintomas incluem pelo menos 2 dos seguintes:
- Rinorréia ou congestão nasal;
- Dor de garganta;
- Tosse; e
- Febre.
Além disso, pessoas com gripe suína podem ter outros sintomas típicos de influenza, incluindo dores pelo corpo, cefaléia, calafrios, fadiga e, possivelmente, diarréia e vômito.
Quem tem risco maior de adquirir gripe suína?
O CDC recomenda que os médicos considerem principalmente a possibilidade de infecção pelo vírus influenza A (H1N1) em pacientes com febre e sintomas respiratórios que:
- Vivam em áreas dos Estados Unidos com casos humanos confirmados de infecção viral com influenza A (H1N1) suína. (Para encontrar informações mais atualizadas sobre as áreas com casos confirmados de influenza suína, acesse: http://www.cdc.gov/swineflu/index.htm)
- Viajaram recentemente para o México, ou que tenham entrado em contato com pessoas com doença respiratória febril e estiveram em áreas dos Estados Unidos com casos confirmados de influenza suína, ou México, nos 7 dias anteriores ao início da doença.
Além disso, deve-se suspeitar de pessoas com doença respiratória aguda que tenham história recente de contato com um animal com influenza suína confirmada (http://www.cdc.gov/swineflu/recommendations.htm).
Qual a variação da gravidade da doença vista na gripe suína?
Muitos casos de influenza suína podem ser leves ou mesmo assintomáticos. No passado, os casos eram identificados ao acaso como parte da vigilância sazonal regular da influenza. Até o momento, a maioria dos casos recentes vistos nos Estados Unidos também foi leve. Entretanto, no México, muitas doenças foram muito mais graves, apareceram em adultos jovens e incluíram pneumonia, insuficiência respiratória e síndrome da angústia respiratória aguda (SARA). As fatalidades relacionadas à doença foram registradas no México. Neste momento, não está claro porque existe esta diferença na gravidade da doença. No início das epidemias é difícil avaliar a gravidade uma vez que não se conhece o denominador comum das pessoas infectadas.
Como a gripe suína deve ser diagnosticada?
Amostra preferida. Caso haja suspeita de gripe suína, os médicos devem obter uma amostra respiratória para análise. Em uma situação ideal, o melhor método é por aspirado nasofaríngeo ou lavado nasal aspirado em meio de cultura viral; entretanto, alguns especialistas estão recomendando o uso de swabs nasais com ponta de poliéster Dacron para diminuir a aerossolização do vírus. Se essas amostras não puderem ser coletadas, um swab nasal combinado com um swab orofaríngeo também é aceitável e será viável na maioria das situações. (Idealmente, as amostras do swab devem ser coletas com swabs de ponta sintética e um cabo de alumínio ou plástico. Swabs com ponta de algodão e cabo de madeira não são recomendados. Amostras colhidas com swabs feitos de alginato de cálcio não são aceitáveis).
As amostras devem ser colocadas em uma geladeira a 4º C (não em freezer) ou colocadas imediatamente em gelo ou bolsas geladas para serem transportadas ao laboratório. Uma vez coletadas, estabeleça contato com o estado ou departamento local de saúde para facilitar o transporte e diagnosticar em tempo hábil em um laboratório da saúde pública.
Testes recomendados. Atualmente, o CDC recomenda “RT-PCR em tempo real para influenza A, B, H1 e H3 realizados no State Health Department Laboratory. No momento, o teste do vírus da influenza A suína (H1N1) será positivo para influenza A e negativo para H1 e H3 por RT-PCR em tempo real. Se a reatividade da RT-PCR em tempo real para influenza A for forte (por exempo, Ct ≤ 30) é mais sugestivo de novo vírus da influenza A”. A confirmação do vírus influenza A (H1N1) suíno é realizado no CDC, mas deve estar disponível nos laboratórios do sistema público em breve.
Teste rápido para influenza. O teste rápido para gripe suína é parecido com aquele para gripe sazonal, o que significa que a sensibilidade varia de 50% a 70% dos casos (não é melhor do que usar febre e tosse como um marcador em um paciente durante a temporada de influenza), dependendo do fabricante. Portanto, testes rápidos negativos não indicam ausência de influenza. (Para orientações gerais sobre teste rápido de influenza, acesse: http://www.cdc.gov/flu/professionals/diagnosis/rapidlab.htm).
Os testes rápidos podem diferenciar o vírus da influenza A do B. Um paciente com teste rápido positivo para influenza A pode preencher o critério para caso provável de gripe suína, mas, novamente, um teste rápido pode ser falso negativo e não deve ser levado em consideração como um teste diagnóstico final para infecção por gripe suína.
Outros testes. Testes de imunofluorescência (DFA ou IFA) podem diferenciar o vírus da influenza A do B. Um paciente positivo para influenza A pela imunofluorescência pode preencher os critérios para caso provável de influenza suína. Entretanto, um teste negativo de imunofluorescência pode ser falso negativo e não deve ser levado em consideração como um teste diagnóstico final para infecção por gripe suína.
O isolamento do vírus da influenza A (H1N1) por uma cultura viral também é diagnóstico de infecção, mas pode não gerar resultados em tempo hábil para o tratamento clínico. Uma cultura viral negativa não exclui infecção com o vírus da influenza A (H1N1) suína.
Para ficar atualizado sobre as ultimas recomendações para o teste, acesse regularmente: http://www.cdc.gov/swineflu/specimencollection.htm
Como a gripe suína pode ser tratada?
De acordo com o CDC, a influenza A (H1N1) suína é susceptível aos medicamentos antivirais inibidores da neuraminidase como zanamivir e oseltamivir. É resistente a amantadina e rimantadina (http://www.cdc.gov/swineflu/recommendations.htm). As recomendações para o tratamento são as seguintes:
- Casos suspeitos: Tratar com zanamivir sozinho ou com uma combinação de oseltamivir com amantadina ou rimantadina após o início dos sintomas, assim que possível, e durante 5 dias.
- Casos confirmados: Zanamivir ou oseltamivir devem ser administrados durante 5 dias.
- Grávidas: Os medicamentos antivirais estão na categoria C para gravidez. Eles só devem ser usados durante a gravidez se os benefícios à mãe forem maiores do que o risco ao embrião ou feto.
- Crianças com menos de 1 ano: Uma vez que os lactentes têm altas taxas de morbidade e mortalidade com a influenza, aqueles com infecções por influenza A (H1N1) suína podem se beneficiar do tratamento com oseltamivir.
Orientações detalhadas sobre o tratamento antiviral para gripe suína podem ser encontradas aqui: http://www.cdc.gov/swineflu/recommendations.htm
A quimioprofilaxia antiviral deve ser considerada para populações específicas?
A quimioprofilaxia é recomendada por 7 dias após última exposição conhecida a um caso confirmado de vírus influenza A (H1N1) suína. Veja http://www.cdc.gov/flu/professionals/antivirals/dosagetable.htm#table para dose e esquemas. O CDC recomenda que as seguintes populações recebam quimioprofilaxia:
- Contatos familiares próximos com caso confirmado ou suspeito com alto risco de desenvolver as complicações da influenza (pessoas com certas condições médicas crônicas, idosos).
- Escolares com alto risco de desenvolver as complicações da influenza (pessoas com certas condições médicas crônicas) que tiveram contato próximo (face a face) com caso confirmado ou suspeito.
- Viajantes ao México com alto risco de desenvolver as complicações da influenza (pessoas com certas condições médicas crônicas, idosos).
- Trabalhadores da fronteira (México) com alto risco de desenvolver as complicações da influenza (pessoas com certas condições médicas crônicas, idosos).
- Funcionários da área de saúde ou funcionários da saúde pública que tiveram contato próximo sem proteção com uma pessoa com infecção com vírus influenza suína A (H1N1) confirmada durante o período infeccioso. (Orientações detalhadas sobre este tópico estão disponíveis no http://www.cdc.gov/swineflu/recommendations.htm)
Por quanto tempo a gripe suína é contagiosa?
Pessoas com gripe suína são consideradas infecciosas desde 1 dia antes do início da doença até 7 dias após o seu início.
Que precauções para o controle da infecção deveriam ser tomadas no ambiente hospitalar?
Pacientes que tiveram casos suspeitos ou confirmados de gripe suína e que precisam de hospitalização devem ser colocados em um quarto individual com a porta fechada. O paciente deve usar máscara quando estiver fora do quarto. Precauções padrões, contra gotículas e de contato devem ser implementadas e mantidas pelos profissionais da área de saúde por 7 dias após o início da doença, até o término dos sintomas (http://www.cdc.gov/swineflu/guidelines_infection_control.htm).
O autor gostaria de agradecer a Paul G. Auwaerter, MD, MBA, diretor clínico do departamento de doenças infecciosas do Johns Hopkins University School of Medicine em Baltimore, Maryland, e a Rick Kulkarni, MD, vice-presidente/diretor médico da Medscape e editor chefe da eMedicine, por revisar este artigo.