9/22/2013

Respiração


Respiração na corrida: Boca aberta ou fechada?


Inspirar e expirar. Automático, o movimento da respiração quase não é notado. Apenas fazemos. Mas controlar esse ato involuntário pode ser um problema durante a corrida, principalmente para os iniciantes. Na verdade, o mais importante é que durante a corrida o atleta deixe a respiração o mais natural possível, não tentando ritmá-la com as passadas, que é um grande erro. “O corpo sabe quando precisa de oxigênio”, orienta Paulo Rennó, personal trainer e diretor técnico da assessoria que leva seu nome.

José Kawazoe Lazzoli, médico especializado em medicina do esporte, acredita que uma das grandes causas do baixo rendimento dos atletas em provas ou treinos é quando se respira pela boca. “A inspiração pela boca acaba ressecando as vias aéreas. Além disso, o nariz possui uma espécie de ‘filtro’ para impurezas maiores do ar inspirado. Com isso a respiração fica mais difícil”, alerta.

Boca aberta ou fechada

A verdade: não existe regra ou base científica que diga como deve ser a respiração, de boca aberta ou fechada.

Quando recebemos uma orientação que corrige a nossa respiração, podemos estar atrapalhando o sistema regulador. Este tem um centro de controle no cérebro que recebe informações detectadas por receptores sensíveis às variáveis que a respiração controla.

O que é diretamente controlado pela respiração? “Objetivamente, a quantidade e a qualidade de oxigênio no sangue. Não só o oxigênio, mas também o gás carbônico. Os receptores detectam os níveis de oxigênio e gás carbônico no sangue”, explica Flávio Freire, diretor técnico da Flávio Freire Assessoria Esportiva.

Todas as informações são levadas ao centro regulador, que ajusta a respiração para manter esses níveis na faixa normal. O ajuste é feito pelo controle do centro regulador sobre os músculos respiratórios, aumentando ou diminuindo a respiração. Todo esse mecanismo funciona de maneira autônoma, ou seja, independente do controle voluntário. Então fica mais fácil entender por que ninguém precisa pensar em respirar.

Dor do lado

Também conhecida como “dor no flanco”, ela aparece no hipocôndrio — parte baixa do abdome —, na região do fígado, logo abaixo das últimas costelas do lado direito (e, raramente, no esquerdo). Surge sempre como uma dor intensa e aguda no decorrer de exercícios, principalmente durante a corrida ou a natação. “Essa dor se deve a uma momentânea falta de oxigênio no diafragma (importante músculo que é essencial para a respiração) ou a uma distensão nos ligamentos suspensores do fígado”, explica Freire. Quando o corredor sente a dor, sua primeira reação é parar, mas não é necessário suspender o treino. Basta diminuir a intensidade da corrida que a dor desaparece em pouco tempo, permitindo que se retorne ao ritmo anterior.

Fontes: Dr. José Kawazoe Lazzoli, especialista em medicina do esporte e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBME); Paulo Rennó, formado em educação física e pós-graduado em fisiologia do exercício pela USP/SP, diretor técnico da Paulo Rennó Assessoria Esportiva; Flávio Freire, formado pelas Faculdades Metropolitanas Unidas em educação física, pós-graduado em fisiologia do exercício pela UNIFESP e diretor técnico da Flávio Freire Assessoria Esportiva.

(Matéria publicada na Revista O2, edição nº 95,março de 2011)