5/23/2013

Psicologia um pouco de

Estado flow no esporte e suas variantes de reflexão
*Prof. João Ricardo Cozac

Sabe aquela sensação de entrar num cinema e o filme parece não terminar jamais? Pois é. Certamente muitos já viveram a experiência oposta: a de sentar na poltrona e não sentir a passagem de 120 minutos. A diferença entre as vivências é o que, no esporte, chamamos de “estado flow” de performance. 

Na prática, a capacidade de envolvimento e interação com o ambiente esportivo facilita a fluência na ação desportiva – proporcionando uma sensação de plenitude e expressão ativa do talento. Alguns corredores (competitivos ou não) relatam desempenhos melhores quando não ficam atentos ao cronômetro. Especialmente quando se exercitam em espaços mais fechados como a esteira ou percursos abertos circulares – que limitam e estreitam a vivência atlético-esportiva. 

Por outro lado, a intimidade diante da ação motora dispensa controle de variáveis externas, estreitando o foco interno à sensação de plenitude proporcionada pelo “flow”. O automatismo motor é um aliado importante nesse processo. Além dos treinos “in loco” – exercícios de mentalização, biofeedback e técnicas neuromotoras catalisam o processo de autoconhecimento da prática esportiva, possibilitando um necessário desligamento de si na rota da perfeição e do prazer.

Em provas de longa duração, o foco de atenção oscila entre a amplitude externa e a leitura precisa dos estímulos e demandas internas. Maratonistas e triatletas são testados – incessantemente – diante da ação sempre danosa dos pensamentos intrusos. Ainda que este comportamento cognitivo tenha relação com variáveis técnicas ou físicas – é importante apontar para a possibilidade de um olhar mais livre e desprendido de obstáculos quase sempre criados nos corredores da vida – e fundidos aos componentes psicossociais e afetivos dos atletas. 

Fato é que a análise do “flow” esportivo deve respeitar algumas características que legitimam sua manifestação. No complexo emaranhado de expectativas, metas, objetivos e rápidas resoluções – soma-se a essa impossível “receita” – um flagrante e necessário esquecimento de si para uma vivência constituída de ação, foco e superação. 

Prof. João Ricardo Cozac é psicólogo do esporte - presidente da Associação Paulista da Psicologia do Esporte. Atende atletas e equipes de diversas modalidades - professor responsável pelo curso de formação em Psicologia do Esporte na cidade de São Paulo. Membro acadêmico do laboratório de Psicossociologia do Esporte da USP e da Academia Brasileira de Marketing Esportivo. Contatos: www.appeesp.com e secretariapsidoesporte@uol.com.br
Estado flow no esporte e suas variantes de reflexão
*Prof. João Ricardo Cozac

Sabe aquela sensação de entrar num cinema e o filme parece não terminar jamais? Pois é. Certamente muitos já viveram a experiência oposta: a de sentar na poltrona e não sentir a passagem de 120 minutos. A diferença entre as vivências é o que, no esporte, chamamos de “estado flow” de performance. 

Na prática, a capacidade de envolvimento e interação com o ambiente esportivo facilita a fluência na ação desportiva – proporcionando uma sensação de plenitude e expressão ativa do talento. Alguns corredores (competitivos ou não) relatam desempenhos melhores quando não ficam atentos ao cronômetro. Especialmente quando se exercitam em espaços mais fechados como a esteira ou percursos abertos circulares – que limitam e estreitam a vivência atlético-esportiva. 

Por outro lado, a intimidade diante da ação motora dispensa controle de variáveis externas, estreitando o foco interno à sensação de plenitude proporcionada pelo “flow”. O automatismo motor é um aliado importante nesse processo. Além dos treinos “in loco” – exercícios de mentalização, biofeedback e técnicas neuromotoras catalisam o processo de autoconhecimento da prática esportiva, possibilitando um necessário desligamento de si na rota da perfeição e do prazer.

Em provas de longa duração, o foco de atenção oscila entre a amplitude externa e a leitura precisa dos estímulos e demandas internas. Maratonistas e triatletas são testados – incessantemente – diante da ação sempre danosa dos pensamentos intrusos. Ainda que este comportamento cognitivo tenha relação com variáveis técnicas ou físicas – é importante apontar para a possibilidade de um olhar mais livre e desprendido de obstáculos quase sempre criados nos corredores da vida – e fundidos aos componentes psicossociais e afetivos dos atletas. 

Fato é que a análise do “flow” esportivo deve respeitar algumas características que legitimam sua manifestação. No complexo emaranhado de expectativas, metas, objetivos e rápidas resoluções – soma-se a essa impossível “receita” – um flagrante e necessário esquecimento de si para uma vivência constituída de ação, foco e superação. 

Prof. João Ricardo Cozac é psicólogo do esporte - presidente da Associação Paulista da Psicologia do Esporte. Atende atletas e equipes de diversas modalidades - professor responsável pelo curso de formação em Psicologia do Esporte na cidade de São Paulo. Membro acadêmico do laboratório de Psicossociologia do Esporte da USP e da Academia Brasileira de Marketing Esportivo. Contatos: www.appeesp.com e secretariapsidoesporte@uol.com.br